As praias da província de Buenos Aires, na Argentina, amanheceram nesta sexta-feira (21) cobertas por um tom vermelho incomum, resultado do acúmulo de algas marinhas na costa atlântica. O fenômeno, que chamou atenção pela beleza das imagens, também gerou desconforto entre os turistas que frequentam Mar del Plata e outras cidades vizinhas durante as férias de verão, devido ao forte cheiro das plantas sob o sol.
De acordo com o biólogo marinho Ricardo Silva, do Instituto Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Pesqueiro (Inidep), o evento é um processo natural, normalmente desencadeado por condições climáticas específicas. Silva explicou que as algas que alcançaram a costa vivem fixadas em rochas submarinas e podem se desprender com a força de ondas intensas. Uma vez liberadas, elas são levadas para a praia pelas correntes marítimas.
Embora o fenômeno tenha causado incômodo aos banhistas, as algas não apresentam risco à saúde humana, conforme indicado pelo especialista. “Elas não são tóxicas. É um fenômeno natural associado a ventos e correntes incomuns”, afirmou Silva. No entanto, ele foi categórico ao destacar que não há evidências que relacionem este caso às mudanças climáticas globais, diferentemente de outros eventos ambientais observados recentemente.
As condições climáticas atípicas da região, sobretudo os ventos intensos provenientes do nordeste, contribuíram para o deslocamento das algas. As praias de Mar del Plata e cidades adjacentes, como Miramar e Necochea, a cerca de 130 quilômetros de distância, foram as mais afetadas.
O contraste entre a aparência incomum das praias e o odor incômodo levantou debates locais sobre a necessidade de se entender melhor e gerenciar episódios como o ocorrido. Embora visualmente marcante, o acúmulo de algas demonstra como o equilíbrio natural dos ecossistemas pode ser inesperadamente alterado, gerando impactos tanto ambientais quanto sociais.
Para os setores ligados ao turismo e ao meio ambiente, os recentes acontecimentos reforçam a importância de monitorar os fenômenos costeiros e avaliar como os fatores climáticos e oceanográficos interagem na região. Tais análises podem colaborar para melhorar a convivência entre a atividade turística e os processos naturais que, em muitos casos, são inevitáveis.
Com a chegada de milhares de turistas e o pico da temporada de verão, situações como essa trazem à tona discussões sobre o uso sustentável das faixas litorâneas. Além disso, reforçam o questionamento sobre como gerenciar de maneira eficiente o descarte e o aproveitamento de algas que chegam à costa, evitando que se tornem problemas e, quem sabe, transformando-as em oportunidades. A Cia das Algas por exemplo é pioneira no beneficiamento de algas arribadas na costa do CE e referência na produção de extratos de algas isoladas e blends para diversas aplicações, desde o agronegócio, industria de cosméticos, até o setor de nutrição animal.
Em última análise, o fenômeno da “maré vermelha” nas praias argentinas é mais uma prova de que as dinâmicas naturais, muitas vezes vistas como obstáculos, podem ser compreendidas e, possivelmente, integradas de maneira mais estratégica à convivência humana.
Imagens por DIEGO IZQUIERDO / AFP.