Aos 99 anos, Sir David Attenborough, o mais respeitado narrador da natureza no audiovisual mundial, oferece seu testemunho mais poderoso em defesa dos oceanos. Lançado simbolicamente no dia de seu aniversário, o documentário “Ocean” apresenta imagens inéditas e perturbadoras da destruição marinha pela pesca de arrasto, enquanto revela a extraordinária capacidade de recuperação dos ecossistemas aquáticos. Produzido pela renomada Silverback Films, o filme representa não apenas o ápice de sete décadas dedicadas à natureza, mas um apelo urgente à consciência coletiva sobre o futuro dos mares.
O Naturalista e Sua Última Grande Mensagem

“Depois de viver quase 100 anos neste planeta, percebo agora que o lugar mais importante não está na terra, mas no mar”, declara Attenborough nas cenas iniciais do documentário, sentado em uma praia britânica de casaco azul, encarando o horizonte marítimo com a sabedoria de quem testemunhou transformações profundas na natureza.
David Frederick Attenborough, que completa 99 anos no dia 8 de maio de 2025, escolheu esta data para lançar o que muitos consideram seu testamento audiovisual. Sua carreira na documentação da natureza começou em 1954 com a série “Zoo Quest” na BBC, e desde então, ao longo de impressionantes 71 anos, tornou-se o homem que possivelmente mais testemunhou as maravilhas e as transformações do mundo natural.
“Ocean” não é apenas mais um documentário na vasta filmografia do naturalista britânico – é uma declaração final e urgente sobre o que ele considera, após uma vida inteira de observação, o elemento mais crítico para a sobrevivência planetária: “Esta é a história do nosso oceano. E de como podemos escrever juntos o próximo capítulo. Porque se salvarmos o mar, salvamos o planeta. Depois de uma vida inteira a filmar o nosso planeta, tenho a certeza de que nada é mais importante”.
Um Projeto de Elite do Documentarismo Natural
A produção de “Ocean” reuniu alguns dos mais experientes realizadores de documentários naturais do mundo. O filme é uma co-produção da Silverback Films com o Open Planet Studios, conhecidos por obras-primas como as séries “Blue Planet” e “Planet Earth”. Os diretores Toby Nowlan, Keith Scholey e Colin Butfield uniram suas experiências para criar uma narrativa visual que combina rigor científico com apelo emocional.
A equipe de produção executiva inclui figuras importantes ligadas a diversas organizações de conservação marinha, como o programa Pristine Seas da National Geographic, a fundação Prince Albert II de Mônaco, e instituições como a Minderoo Pictures e a Dynamic Planet. Esta colaboração multinacional reflete a amplitude do projeto e sua missão global.
A estreia mundial aconteceu em 6 de maio no Royal Festival Hall em Londres, onde, simbolicamente, a tradicional passadeira vermelha foi substituída por uma passadeira azul em homenagem aos oceanos. O evento foi patrocinado pela UBS e pela People’s Postcode Lottery, reforçando o apoio corporativo à mensagem de conservação.
Tecnologia e Arte a Serviço da Conservação
“Ocean” representa um marco na documentação da vida marinha, utilizando tecnologias de filmagem submarina de última geração para capturar imagens sem precedentes dos ecossistemas oceânicos. A equipe de produção investiu em equipamentos avançados capazes de operar em profundidades extremas e em condições desafiadoras, resultando em sequências visuais que estabelecem novos parâmetros para o gênero.
Florestas Submarinas e Algas: Um Tesouro Biodiverso
Entre os ecossistemas mais impressionantes destacados no filme estão as florestas de kelp (algas marinhas gigantes), apresentadas em sequências hipnotizantes que revelam sua importância fundamental para a biodiversidade marinha. Estas florestas submarinas, muitas vezes negligenciadas nos debates sobre conservação, são mostradas como verdadeiros oásis de vida, abrigando inúmeras espécies e funcionando como berçários naturais para a reprodução de peixes e outros organismos marinhos.
As algas marinhas, tema central para a Cia das Algas, recebem atenção especial no documentário, que destaca seu papel crucial como produtoras primárias nos ecossistemas oceânicos. O filme evidencia a capacidade impressionante destes organismos de absorver carbono, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas – uma função que frequentemente permanece invisível ao público geral.
Os Recifes de Coral: Beleza Ameaçada
“Ocean” dedica segmentos impressionantes aos recifes de coral, mostrando tanto sua beleza cintilante quanto a grave ameaça do branqueamento causado pelo aquecimento global. A câmera de Attenborough e sua equipe registra a explosão de cores e vida destes ecossistemas, contrastando com áreas devastadas pela elevação da temperatura da água, criando um retrato visual poderoso das consequências das mudanças climáticas.
A Pesca de Arrasto: Imagens Inéditas de uma Prática Devastadora
Um dos momentos mais impactantes do documentário é, sem dúvida, a sequência dedicada à pesca de arrasto de fundo. A Silverback Films orgulhosamente anuncia ter capturado “as imagens mais detalhadas e cinematográficas da pesca de arrasto já feitas”. Esta técnica de pesca industrial, que arrasta redes pesadas pelo fundo do oceano, é mostrada em toda sua brutalidade, revelando a devastação causada aos habitats marinhos.
As imagens são perturbadoras e reveladoras: extensas áreas do fundo marinho transformadas em desertos subaquáticos, com corais centenários reduzidos a fragmentos e organismos bentônicos completamente dizimados. O filme mostra como esta prática não apenas destrói habitats essenciais, mas também libera carbono armazenado nos sedimentos marinhos, contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas.
A equipe de filmagem utilizou técnicas inovadoras para documentar o processo de arrasto em tempo real, oferecendo ao público uma visão sem precedentes do impacto desta prática. As imagens constituem um poderoso documento científico e um apelo visual à mudança urgente nas políticas pesqueiras globais.
A Mensagem de Esperança: Recuperação Mais Rápida do que Imaginávamos
Apesar do tom de alerta sobre as ameaças aos oceanos, “Ocean” destaca-se por sua mensagem central de esperança. Attenborough enfatiza que “a descoberta mais notável de todas é que o oceano pode se recuperar mais rápido do que jamais imaginamos”. O documentário apresenta casos reais de áreas marinhas protegidas onde, em poucos anos, ecossistemas devastados demonstraram uma capacidade surpreendente de regeneração.
No filme, Attenborough compartilha sua perspectiva única: “Minha vida coincidiu com a era das grandes descobertas oceânicas. Nos últimos cem anos, cientistas e exploradores revelaram espécies impressionantes, migrações incríveis e ecossistemas complexos que eu jamais poderia imaginar quando jovem. Neste filme, compartilhamos essas descobertas, mostramos por que o oceano está em condição crítica e, mais importante, como ele pode se recuperar”.
Um Lançamento Estratégico Próximo ao Dia Mundial dos Oceanos
O timing de lançamento do documentário não foi coincidência. Embora estreado nos cinemas em 8 de maio, data do aniversário de Attenborough, o filme chegará ao canal National Geographic e à plataforma Disney+ em 8 de junho, data que marca o Dia Mundial dos Oceanos. Esta data, reconhecida oficialmente pelas Nações Unidas desde 2008, promove o interesse público na proteção do oceano e na gestão sustentável de seus recursos.
A estreia do filme nos streamings coincide também com os preparativos para importantes conferências internacionais sobre conservação marinha, posicionando “Ocean” como um catalisador de discussões e ações globais em defesa dos mares. Além das exibições comerciais, o documentário será disponibilizado para escolas, universidades, bibliotecas e museus através do programa Pristine Seas da National Geographic, ampliando seu alcance educativo.
O Oceano Como Sistema de Sustentação da Vida

O documentário apresenta o oceano como muito mais que um ambiente natural – ele é retratado como o verdadeiro sistema de sustentação do planeta e o maior aliado da humanidade contra a catástrofe climática. Attenborough demonstra como os mares regulam o clima global, produzem grande parte do oxigênio que respiramos e absorvem enormes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera.
“Ocean” enfatiza a interconectividade dos ecossistemas marinhos, mostrando como florestas de algas, recifes de coral e mar aberto formam uma rede complexa e interdependente que mantém o equilíbrio planetário. Esta visão holística reforça a urgência de abordagens integradas para a proteção marinha, que considerem não apenas espécies individuais, mas os oceanos como um sistema vivo e complexo.
O Futuro dos Oceanos em Nossas Mãos
Como consumidores e cidadãos preocupados com o futuro do planeta, temos em “Ocean” de David Attenborough não apenas um alerta, mas um roteiro para a ação. O documentário nos lembra que pequenas mudanças em nossos hábitos de consumo podem ter impactos significativos na saúde dos oceanos. Reduzir o uso de plásticos descartáveis, escolher frutos do mar de fontes sustentáveis e apoiar a criação de áreas marinhas protegidas são algumas das ações sugeridas pelo filme.
Para nós da Cia das Algas, o documentário reforça a importância de nossa missão: promover produtos derivados de algas cultivadas de forma sustentável, contribuindo para a conservação marinha enquanto oferecemos alternativas saudáveis aos consumidores. As algas, protagonistas silenciosas nos oceanos, representam uma solução natural para muitos dos desafios ambientais que enfrentamos.
Assista a “Ocean with David Attenborough” nos cinemas a partir de 8 de maio ou no Disney+ a partir de 8 de junho, e junte-se a este movimento global pela preservação dos oceanos. Porque, como Sir David nos lembra aos 99 anos, com a sabedoria de quase um século de observação: se salvarmos o mar, salvamos o planeta.